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NOTÍCIAS

26-11-2011

Paramitas conversa com criadores do Escola nas nuvens

No fim de outubro, a professora de Língua Portuguesa Adriana de Oliveira e o técnico de informática Diogo Machado, da Escola Estadual Prof. Francisco Coelho Ávila, de Cachoeiro do Itapemirim (ES), conquistaram o segundo lugar na categoria Conteúdo na etapa mundial do Prêmio Microsoft Educadores Inovadores, na África do Sul.

Conversamos com a professora, que contou que o projeto, baseado no conceito cloud computing (armazenamento de dados pela internet), envolveu toda a comunidade escolar. O reconhecimento internacional também animou os estudantes, que disseram “estar nas nuvens” e empolgados com os próximos passos do projeto. Confira o bate-papo com Adriana!

Fale um pouco sobre o Escola nas Nuvens. Quais são os objetivos do projeto? O que ele mudou na cultura da escola desde que foi implantado?

Surgiu quando formatamos os computadores e perdemos dados na escola. Foi aí que criamos o projeto  Escola nas Nuvens – Soluções Inovadoras na Educação, que faz uma abordagem ao conceito tecnológico  cloud computing (computação nas nuvens). Este conceito vem sendo aplicado no projeto por meio das ferramentas do Windows Live, como o Sky Drive, com os alunos e educadores, ocasionando uma grande independência de discos físicos que antes geravam gastos, como pendrives e mídias (CD, DVD, HD).

O projeto também procura unir alunos e educadores por meio do blog da escola  que é  gerenciado por alunos com orientação dos professores. O espaço reúne uma série de serviços que ampliam a visão da aprendizagem, utilizando redes sociais e serviços da internet. Além de agradar o público jovem, o blog favorece os educadores no ensino de sua disciplina. Alunos, educadores, pais e comunidade escolar podem acompanhar tarefas, projetos, curiosidades e exercícios por meio do Facebook e Twitter, também gerenciados pelos alunos. Além disso, professores e alunos postam fotos e vídeos de seus trabalhos no Flickr e You Tube. Temos 1.200 alunos e 50 pessoas impactadas diretamente (professores, pedagogos, secretários e alunos gerenciadores do projeto).

Percebemos que os alunos  e professores passaram a utilizar mais a internet e o laboratório de informática e têm mais vontade de divulgar seus trabalhos nas redes sociais. Do ponto de vista financeiro, o projeto também ajudou, pois muitos não têm condições de comprar discos físicos para armazenamento de dados.

Os próprios professores e alunos alimentam o espaço. Foi difícil envolver a comunidade escolar no processo? Como vocês fazem para estimular a participação de todos no meio virtual, usam algumas “estratégias”?

Foi difícil e continua sendo.Tenho ajuda de vários professores, mas ainda existem aqueles que não colaboram, o “famoso” medo do computador. Mas acreditamos que conseguiremos  envolver  essa minoria. Percebo que após a etapa mundial, o interesse tem aumentado. Nossa estratégia é o sucesso e a motivação em relação ao trabalho de cada professor e sua disciplina.

Como funciona a colaboração dos alunos e professores no dia a dia? Qualquer um pode participar? Cada um tem um login? Existem “regras” para a publicação de posts no blog?

Temos alunos gerenciadores, que possuem senha e login das redes sociais, nas quais publicam as atividades da escola e tudo que irá acontecer. Tornaram-se responsáveis pelo que publicam. Faço a correção pelo MSN e às vezes em tempo real ou por e-mail. Agora criamos um grupo de alunos corretores, ou seja, aqueles que corrigem os textos dos alunos antes de publicarem alguma atividade. Desenvolvemos também uma “escola on-line”, onde cada professor publica suas atividades para as aulas, projetos realizados, fotos de excursões e passeios extraclasse, que são feitas e corrigidas no Office On-line . Tudo isso é encontrado e distribuído no blog da escola.

Como vocês ficaram sabendo da premiação da Microsoft?

Participamos no ano passado com outro projeto e não desistimos de continuar trabalhando. Estamos sempre procurando inovar e participar dos produtos e serviços que a Microsoft oferece. Somos parceiros dos Conteúdos Educacionais (plataforma mantida pela Microsoft Educação, que disponibiliza planos de aula e promove interação entre educadores e estudantes).

Ganhar uma premiação nacional concorrendo com milhares de outros projetos é difícil, quanto mais ganhar uma internacional. Em algum momento vocês imaginaram o alcance que o projeto de vocês teria? Como foi vencer nas etapas nacional, no Panamá e a mundial?


No início, sempre temos aquela desconfiança, mas sinceramente, já sabia de todas as vitórias. Fiquei na dúvida com a brasileira, devido ao nervosismo, mesmo já tendo participado no ano passado. Mas o critério brasileiro é bem mais puxado. A Microsoft Brasil é muito exigente com seus projetos, o critério de seleção é bem rigoroso. Por isso acho que foi a etapa mais emocionante para mim. Para as outras etapas, tive muita fé e confiança em Deus e na minha capacidade. Acho que o sonho da vitória já tinha chegado ao coração de Deus e por isso o meu estava tranquilo. Eu e o Diogo, meu companheiro no projeto, somos muito unidos e nos completamos. É uma parceria vitoriosa. Um entende o trabalho e o espaço do outro.

Você também ganhou o prêmio “educadora do ano”. Na etapa nacional, você comentou em seu discurso que esse reconhecimento era muito significativo na sua vida. Quais atributos você considera ter que a levaram ganhar esse título?

Perseverança e fé. Acreditar no sonho e deixar Deus no controle. Não uso meu passado para justificar choradeira e tristeza, e sim para motivar aqueles que acham que são incapazes. Vim da escola pública, sou pobre e negra em um país preconceituoso, no qual dificilmente um negro consegue chegar a uma universidade. Mas sempre peço a Deus sabedoria e conhecimento, virtudes e atributos suficientes para viver.



O que a experiência de participar de congressos nacionais e internacionais trouxe para sua carreira e vida pessoal? Quais são seus próximos projetos?



Amadurecimento  e crescimento pessoal e profissional. Pretendemos amadurecer e continuar nas nuvens (risos).  É um projeto bom e inovador no setor educacional e está dando certo. Gostaríamos de expandi-lo e continuar acompanhando o crescimento do cloud computing. E a cada novidade, também iremos inovar.

Depois das vitórias, vocês já sentem alguma diferença na escola? Por exemplo, a autoestima dos alunos e professores aumentou com tanta visibilidade?

Os alunos agora dizem: “Estamos realmente nas nuvens…”. Dizem que são conhecidos internacionalmente e ficam nas redes sociais buscando compartilhar com todos. Querem fazer amizades com as pessoas com quem viajamos, de outros países. Também estamos dando palestras ,entrevistas em rádio, TV e jornal. Gostaríamos de continuar divulgando e ensinando o projeto, mas de uma maneira mais profissional. Aguardamos propostas de prefeituras e estados que queiram implantar o projeto. Nosso projeto é o futuro… em que todos estarão nas nuvens!