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NOTÍCIAS

22-06-2012

Chat-debate com Gil Giardelli com o tema "Cultura digital e inovação educativa"

O Encontro Internacional de Educação da Fundação Telefônica | Vivo teve início em abril deste ano e vai até setembro de 2013. Serão 18 meses de debates e reflexões ligadas à educação, sociedade, trabalho e tecnologia. As atividades são virtuais e presenciais e o tema central do Encontro é “Como deve ser a educação do século XXI?”.

A Fundação Telefônica | Vivo, com parceria executiva do Instituto Paramitas e apoio da Prova 3, convidou o professor Gil Giardelli para participar de um chat-debate para discutir “Cultura digital e inovação educativa”.

Empreendedor, consultor e especialista na área de cultura digital, Giardelli leciona nos cursos de pós-graduação e MBA do Centro de Inovação e Criatividade na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing); é CEO da Gaia Creative, empresa onde implementa inteligência de mídias sociais, economia colaborativa, gestão do conhecimento e inovação para empresas e instituições, dentre elas, Grupo Protege, BMW Brasil, MINI Brasil, SEBRAE, Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Grupo Educacional Cruzeiro do Sul, Grupo BRMalls, Promobom Autopass, APOGEO Investimentos etc.

Com a participação de alunos, professores, pais, pedagogos e especialistas em educação, veja abaixo como foi este animado bate-papo on-line no dia 19 de junho, no Encontro Internacional de Educação da Fundação Telefônica | Vivo.

 

Tecnologia é sinônimo de qualidade na educação ou inovação?

Gil Giardelli deu início ao chat explicando a diferença entre educador e professor: “o educador é aquela pessoa que pratica a ética do cuidado, e pode ensinar em praça pública ou em um chat global. Professor é aquele que se preocupa apenas com o conteúdo, enquanto o educador se preocupa em como mudar a vida de seus alunos.”

A tecnologia trouxe a teoria de que só é possível inovar fazendo uso das TIC. Giardelli discorda contando sobre uma aula “inovadora” que deu no Jardim Botânico, ou seja, sem tecnologia. Segundo Giardelli, a sociedade em rede, precisa re-significar todos os antigos valores onde um professor rural é tão importante para mudanças globais quanto um professor digital.

Talvez, a grande dualidade seja exatamente harmonizar a tecnologia como ferramenta de inovação aos conteúdos presenciais ensinados pelo professor. Não separar aulas presenciais de aulas com tecnologias e sim unir todos estes recursos, já que as TIC fazem parte do mundo atual.

As tecnologias avançaram tanto, também com os relacionamentos virtuais pelas redes sociais, que “as pessoas querem mais conversas nas ruas”, comenta Gil Giardelli. E na área da educação, pela quantidade imensa de conteúdos, os alunos desejam um maestro e curador da educação, ou seja, o professor. São tantas as informações que, segundo Cybelle Meyer, o aluno não sabe o que fazer com elas. Hermenila Acevedo complementa dizendo que o estudante acumula informação, mas não sabe como usá-la para si próprio, muito menos passá-la à frente. É aí que entra o professor como um indicador de um “norte”.

Mas, Alirio Acordi levanta a seguinte dúvida: “quem garante que os conteúdos encontrados na rede são confiáveis?” e a coordenadora pedagógica do Instituto Paramitas, Renata Mandelbaum Altman complementa que este é um “papel fundamental do professor: orientar quais são as fontes mais confiáveis”.

Daisy Grisolia diz que o professor também deve estimular o pensamento crítico sobre isso, usando e apropriando-se criativamente da tecnologia, isto é, instigando também os alunos a pesquisarem se determinado site possui um conteúdo confiável ou não.

“O professor ensina a pensar e a refletir e, com isso, aprende novos conceitos de acordo com o resultado obtido pelo aluno. É o aprender a aprender trabalhando em parceria”, na colocação de Cybele Meyer. Gil Giardelli complementa: “O professor tem de mudar seu mapa mental de ‘Espaços concretos e aulas cronometradas’. Em uma sociedade em rede, devemos voltar a viver como algumas tribos de índios, que trabalham, brincam e aprendem em todas as atividades da vida”, não só dentro da sala de aula.

 

E como anda a motivação do professor em sala de aula?

Professores sem motivação para ensinar existem pelo mundo afora, seja pela postura dos alunos na sala de aula, seja por salários. Mas será que quem escolheu ser educador deve esquecer – pelo menos – na sala de aula qualquer dificuldade e questões financeiras?

Alguns participantes do chat, como Daisy Grisolia discorda pois, em sua opinião, “não é possível ser criativo com uma hora aula de 25 reais.” Alirio Acordi também comenta sobre o assunto: “professor tem necessidades, não é diferente de outros profissionais.” No entando, segundo Giardelli, não podemos parar na questão salário e infraestrutura, pois os professores não são empreendedores sociais.

A gerente pedagógica do Instituto Paramitas Caroline Franco expressa sua opinião sobre a questão de salário e valorização do professor: “um professor valorizado tem maior motivação para inovar, planejar as aulas.” Segundo ela, um professor para ser bem remunerado aqui no Brasil precisa dar aula nos três períodos, e dessa forma não lhe sobra tempo para planejar suas aulas, muito menos inovar.

No entanto, um professor não pode levar em conta apenas o salário, do contrário suas aulas ficariam mecânicas, segundo Cíntia Regina Lacerda Rabello. “Num mundo em que toda a sociedade vivesse por amor à arte, talvez”, comenta Daisy Grisolia, “mas no mundo real, onde a ideia de sucesso está ligada ao poder econômico, o professor está lá no fim da fila”.

Gil Giardelli conclui o assunto “salário” com a seguinte colocação: “A discussão sobre salários e infraestrutura na América Latina vem desde a decada de 1950. Vamos continuar com ela. Mas vamos pedir internet aberta primeiro nas escolas e depois em aeroportos. Aqui, acontece o contrário.”

 

As tecnologias vão substituir o professor em sala de aula?

Daisy Grisolia: “Se as tecnologias substituírem a função do professor na sala de aula, não devemos ter medo, pois o professor pode ter novas funções, como ensinar a pesquisar e a pensar”. Renata Mandelbaum complementa: “As tecnologias podem substituir o ensino presencial, na minha opinião, mas nunca substituirão o papel do professor.” Juan Manuel Ocampo também comenta sobre o assunto: “Precisamos entender que talvez seja necessária uma substituição, mas sabemos que não é fácil, porque temos um grande desafio de implementação das TIC.”

O professor, então, deve não só se atualizar com o uso das TIC, mas também com relação às suas funções, tornando-se um curador, um pesquisador e um questionador, e as tecnologias podem trazer algumas respostas, mas não todas. O professor “inovador” deve mudar sua postura. Por exemplo, se os alunos usam o Facebook fora da sala de aula, porque não trazê-lo para dentro da sala de aula? Dessa forma, o professor se aproxima da realidade do aluno, consquistando seu interesse por suas aulas.

Depois de mais de uma hora de opiniões e colocações bastante importantes, ainda há muito o que se falar sobre o assunto e muitas discussões ficaram em aberto, instigando os participantes a refletirem ainda mais sobre o tema. Nas palavras de Daisy Grisolia: “Melhor uma boa pergunta do que dez respostas prontas. Não temos as respostas, mas temos muitas boas perguntas, e o caminho continua…”

O tema continuará sendo discutido nos fóruns do Encontro Internacional de Educação. Fique ligado na programação e participe!

(Por Cláudia Levy)