29-05-2012
Imagine aqueles escritórios de serviço público onde cada pessoa tem uma função especifica: datilografar, separar papéis, carimbar. Tudo no mesmo ritmo, na mesma rotina, tudo igual, todos os dias.
O personagem principal deste curta-metragem é um idoso que recebe uma inesperada promoção no trabalho. Mas este fato não o torna mais feliz, pelo contrário, o deixa ainda mais triste.
Quando toca o sinal para o almoço, este homem sai para caminhar sem rumo pelas ruas. Senta-se em uma praça e começa a pensar na vida familiar, a mulher berrando em seus ouvidos reclamando de tudo, os filhos brigando o tempo todo e ele sem dizer nada, sem ação, sem reação.
O cidadão entra numa determinada loja e pede para comprar um “38”. A princípio, o expectador pensa que, tamanha sua infelicidade, trata-se de uma arma para cometer o suicídio, mas, na verdade o “38” era a numeração de um sapato muito menor que seus pés… O vendedor insiste dizendo que os sapatos ficarão pequenos e apertados, mas o teimoso homem veste os calçados e sai novamente pelas ruas, mancando.
Ele vai a pé para casa, com aqueles sapatos apertados, e, ao chegar no edifício em que mora, ignora a existência do elevador e sobe os andares pelas escadas. Numa sequência de cenas aflitivas, em que é possível sentir a dor nos pés, o homem entra em casa e já encontra a esposa gritando e contestando “o que faz tão cedo em casa”, não perdendo a oportunidade de chamá-lo de vagabundo e desempregado. Os filhos, para variar, estão lutando a tapas no sofá.
O homem então senta-se numa cadeira e, vagarosamente, tira os sapatos. A sensação de alívio é tao grande (e o expectador sente o mesmo), que lhe provoca um forte momento de felicidade e o homem começa a rir sem parar.
Seria então a felicidade um estado de espírito, apenas uma sensação momentânea? E usar os sapatos apertados pode ser uma forma de autopunição? Reflita com seus alunos!
Cenas do curta “Hoje tem felicidade”
Cenas do curta “Hoje tem felicidade”
Ficha do filme
Gênero: Ficção
Diretora: Lisiane Cohen
Elenco: Rui Rezende, Thelma Reston
Ano: 2005
Duração: 14 min
País: Brasil
Fotografia: Maurício Borges de Medeiros Roteiro: Lisiane Cohen, Caroline Drehmer Som Direto: Pedro Figueiredo Direção de Arte: Rodrigo Valente Edição de som: Pedro Figueiredo Produção Executiva: Regina Martins, Frederico Pinto, Camila Gonzatto Montagem Lisiane Cohen, Maurício Borges de Medeiros, Rodrigo Valente Música Pedro Figueiredo
Melhor Ficção no Curta-se – Festival Luso-Brasileiro de Curtas Metragens de Sergipe 2005
Prêmio Revelação no Curta-se – Festival Luso-Brasileiro de Curtas Metragens de Sergipe 2005
Brazilian Film Festival 2005
Festival de Cinema de Belém 2005
Festival Internacional de Curtas de São Paulo 2005
Mostra Brasil Plural 2005
Alucine – Latin-American Film Festival of Toronto 2006
FAM – Florianópolis 2005
Festival de Cortos La Boca del Lobo 2005
Festival de Cinema, Vídeo e DCine de Curitiba 2005
(Por Cláudia Levy)