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ARTIGOS

03-05-2012

O quadro negro e a lousa digital

Ao criarmos uma aula, a estratégia pedagógica deve sempre se sobrepor à tecnologia pura.

Mas é fato que a lousa digital nos oferece facilidades para ressignificarmos a forma como trabalhamos nossos conteúdos.

Sabemos que muitas escolas têm investido (bastante) nos últimos anos em lousas digitais, como mais uma tentativa de “modernizar” seus processos de ensino.

Por diversos motivos, as lousas são mais atrativas para os professores do que netbooks, tablets e laboratórios de informática. Saliento dois deles, principais:

1) O equipamento oferece maior controle e domínio de aplicação por parte do professor, se comparado a outros recursos tecnológicos;

2) O nome e a posição na sala determinam sua semelhança com o quadro negro, secularmente íntimo do professor.

O segundo é um ponto-chave para mim. Vejo-o com certo receio, pois a familiaridade com o antigo quadro negro por vezes sugere a reprodução (agora multimídia, com a projeção de slides e vídeos) de antiquados métodos de ensino.

Como já fiz em artigos anteriores, proponho aqui uma reflexão sobre a tecnologia, seus usos e fins: seria o quadro negro em si um objeto obsoleto? Creio que não; o que pode, sim, ser ultrapassado e limitante é a forma como o empregamos. E como hábitos e heranças são mais difíceis de serem alterados do que uma nova tecnologia ser incorporada, a “versão digital” da antiga lousa com giz padece dos mesmos riscos.

Sendo assim, quais seriam, afinal, os diferenciais do uso da lousa digital? De imediato, cabe mencionarmos o óbvio: ela é mais atrativa visualmente e facilita, naturalmente, o acesso a recursos multimídia. Isto já é, por si só, um grande diferencial do quadro negro, que depende do “talento” do professor em sintetizar (e até mesmo ilustrar) a matéria de suas aulas.

Mas há mais, muito mais, que elas podem fazer pelo processo de ensino-aprendizagem. Acredito que a lousa digital nos ofereça facilidades para ressignificarmos a forma como trabalhamos nossos conteúdos em aula. Há várias possibilidades diferenciadas para conseguirmos o engajamento dos alunos nas atividades propostas, por exemplo:

1) Registro da aula e de todo o raciocínio da explicação em um formato que pode ser disponibilizado imediatamente para eles, poupando-lhes o tempo de copiar informações durante a aula;

2) Uso de recursos interativos muito mais ricos visualmente; uso de imagens, animações e simulações;

3) Maior interação entre a própria turma. É possível desenvolver atividades em grupos – cada um realizando uma parte da tarefa ou todos juntos equacionando desafios comuns;

4) Maior socialização de produções. Elaboração de formas diferentes de resolução de desafios, por parte dos alunos, quando este espaço é oferecido em aula.

Como sempre, a estratégia pedagógica deve se sobrepor à tecnologia e pautar o processo de criação das aulas, da organização dos alunos em sala (de modo que todos tenham acesso e mobilidade para a realização das atividades propostas) até a seleção e a apresentação do conhecimento construído.

Embora a lousa seja tradicionalmente conhecida como um recurso de apoio ao professor, ela poderá fazer toda a diferença se o profissional que a conduzir não centrar-se apenas nos seus próprios conhecimentos, mas promover a interação e possibilitar a participação ativa dos alunos.

Por Mary Grace

Texto publicado no Blog da Editora Ática, “Eu Amo Educar”

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